DESÂNIMO EXISTENCIAL
Que às ferramentas como Facebook, Twitter, nos expõe cada vez mais, isso não é novidade para ninguém. Que viramos escravos da tecnologia, que não existe mais olho no olho, nem é preciso falar. E assim, vai crescendo uma sociedade cada vez mais individualista e que pouco pensa.
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Com uma ferramenta chamada anonimato sai por aí espalhando sua miséria existencial, o espirito de porco que nasce na alma, atacando as pessoas como se fosse a coisa mais linda a ser exibida. Trazendo à tona sua infelicidade como se o resto do mundo tivesse culpa. É de perder a esperança de um futuro onde as diferenças fossem aceitas, onde as opiniões fossem compreendidas sem gerar agressão.
Dias desses me perguntaram se quando eu terminar a graduação vou querer trabalhar como Willian Bonner. Eu disse que não. Já me exponho demais escrevendo perdendo a minha privacidade. E que, quanta coisa já ouvi por causa das minhas escritas. Quanto preconceito relevei só por causa de um pensamento, uma reflexão. O que muita gente não entende é que escritor não é o dono da verdade, só colocamos pra fora o que muitas vezes nós mesmos não entendemos ou compreendemos, não faz diferença. Apenas para organizar os pensamentos e muitos deles não se organizam.
É, Lena, você não está sozinha.
Já dizia Virginia Woof: a vida é como um sonho, acordar é que nos mata. São esses tipos de coisa que vão ao poucos nos matando. À desigualdade, à corrupção, os desaforos, às injustiças. E cada dia que se passa vai aumentando ainda mais a nossa casa de decepções. Fazer o quê? Faz parte, ora. Só precisamos tomar cuidado para que essa torre que construímos ao longo do tempo não venha ao chão por pura decepção.
Sempre acreditei que discussão gerava solução (meu lado otimista). Mas hoje cheguei à conclusão que não. Existem discussões que não vão levar em nada, nem ao menos uma reflexão. Simplesmente porque a unanimidade não foi ensinada a pensar, a se colocar no lugar do outro, a aceitar o outro como é. Até mesmo dentro da nossa própria casa, um lugar onde não somos obrigados a ouvir o que não queremos, mas ouvimos.
Quando o mundo vai começar a perceber que entre uma pessoa e outra, há um abismo enorme? Que não podemos criar uma ponte e atravessar o precipício e jogar pedra como se fosse algo normal? Quando o mundo vai perceber que quanto mais maldade lança, a vida e seus desdobramentos trazem de volta? Quando?
Quando criança, almeja a vida adulta, achava que era felicidade total, ingenuidade minha, eu sei. Quando adolescente, questionava minha mãe o “porquê” da desigualdade, e sem preliminares ela respondia: Você não queria o mundo adulto, seja bem-vindo. Oi, qual é o caminho para porta de saída? É tanta crueldade, tanta ignorância, tanta gente que ama a mediocridade, que a solução mais adequada é sair de cena. E assim, compreendemos de onde nasce o nosso desânimo existencial. Te compreendo, Elenita.
Por Leandro Salgentelli
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