segunda-feira, 12 de maio de 2014

Assessorias de ex-repórteres esportivos profissionalizam relações com a imprensa

Assessorias de ex-repórteres esportivos profissionalizam relações com a imprensa



Até meados dos anos 1990, o zelo em expor um craque da bola na mídia era artigo raro no Brasil. Atletas davam entrevistas sem camisa, respondiam a mesma pergunta dezenas de vezes, falavam às rádios por até meia hora ainda dentro de campo, além de atenderem repórteres – inclusive mulheres – (semi)nus nos vestiários.
Com o crescimento do mercado de assessorias de imprensa esportivas, boa parte deste “parque de diversões” dos jornalistas virou lenda. Um dos precursores desta reviravolta foi o ex-repórter da Band, SporTV e TV Gazeta, Acaz Fellegger. De um lado, portas fechadas para acesso fácil aos jogadores; do outro, portas abertas para a profissionalização das relações.
“Em 1997, quando assumi a assessoria do Palmeiras, falei para fechar a porta do vestiário e criar uma sala de imprensa, como era na Europa. O técnico vinha e dava uma coletiva. Também fiz uma triagem: primeiro, entrava na sala repórter que estava ao vivo. Fomos os primeiros a disciplinar isso”, comenta o jornalista.
Seis anos depois, criou a Fellegger und Fellegger, empresa que, hoje, tem carteira de 10 atletas, entre eles Daniel Alves (Barcelona-ES), Hulk (Zenit-RUS), Alex (Coritiba), André Santos (Grêmio), além do clube Ituano e do Show Ball. O técnico da seleção brasileira Luiz Felipe Scolari é outra estrela da lista.
O cardápio de empresas do naipe da Fellegger é variado. Vai de orientações de media training, agendamento de entrevistas, até a compilação estatística da carreira do atleta. “Nesse momento, o Alex está próximo de fazer 400 gols. Já comecei a soltar releases para criar uma situação na imprensa, que não consegue reunir dados de todos os jogadores.”
PLANO TÁTICO
O meia botafoguense Cidinho é jovem, ainda pouco conhecido, mas já conta com a assessoria da carioca SMG. O grande desafio da empresa é achar o equilíbrio entre a divulgação do atleta e o risco de um deslumbramento, já que é tido como uma das grandes revelações do alvinegro do Rio.
“Se ele faz dois gols, a gente bota o pé no freio na exposição. Quando ele dá uma contribuição mais modesta, mas tem um papel tático importante no jogo, damos destaque, já que a imprensa não atenta muito para isso”, comenta o sóciodiretor Vinicius Azevedo, ex-repórter de O Dia e Jornal dos Sports.
A empresa terá responsabilidade adicional na carreira do meia, já que o atleta passará por uma cirurgia, podendo ficar até quatro meses longe das competições. A meta é não deixar que os jornalistas o esqueçam, divulgando cada etapa de sua recuperação.
“A assessoria serve principalmente quando o jogador tem mais dificuldades, como, por exemplo, aspectos de contrato”, diz Marcel Moreira, jornalista proprietário da Futpress, que assessora cerca de 60 jogadores, como Ricardo Oliveira (Al Jazira), Romarinho (Corinthians) e o ex-lateral Roberto Carlos.
Papel similar já contribuiu para a imagem do atual técnico do Botafogo, Oswaldo de Oliveira, cliente da SMG desde 2004. “Eles filtram e organizam minha agenda de entrevistas, resolvem alguns mal-entendidos que aparecem no dia a dia e trabalham na divulgação de informações estratégicas”, explica.
No período de cinco anos em que trabalhou no Japão, por exemplo, pôde ficar tranquilo quanto à ameaça de cair em um possível ostracismo no cenário brasileiro. “Eles foram importantes para fazer com que notícias sobre os resultados do meu trabalho chegassem até aqui.”
DENTRO E FORA DA LINHA
Ponto fundamental para garantir a credibilidade da empresa no mercado é a boa relação que mantém com os clubes, já que eles possuem normas sobre exposição dos atletas na mídia. Clubes podem frear ações das assessorias particulares. Segundo Moreira, antes de levar um atleta a um programa, a empresa pede autorização ao clube. “A gente cumpre absolutamente tudo.”
Este tipo de bloqueio é bem mais intenso na Europa. Nesse caso, assessores brasileiros costumam ser experts em furar a resistência, visando, é claro, a imprensa daqui. A exposição demasiada pelo próprio clube é mais rara, mas também pode acontecer. “Quando o jogador começa a falar muito, eu bato um papo com o clube”, comenta Fellegger.
A profissionalização crescente ainda não é suficiente para impedir a atuação de profissionais que optam por um questionável “mercado paralelo” do segmento. “Você vê gente que não sabe se faz assessoria ou se negocia jogador. A gente é 100% assessoria de imprensa”, diz Moreira.
Os serviços da SMG englobam ainda produção e divulgação de eventos esportivos. Em se tratando de assessoria de imprensa, porém, não tem “negociação”. “O futebol atrai muita gente que se diz assessor para vender apartamento, carro, o que banaliza um pouco a profissão. Mas o mercado conhece as empresas sérias”, ressalta Azevedo.
A desvirtuação do ofício perpassa outras discussões controversas, que tocam a obrigatoriedade do diploma para a função de assessor e o que, para Fellegger, é mais grave: o caso de repórteres que atuam ao mesmo tempo como assessores. “Você não pode ser promotor e advogado simultaneamente”, resume.

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